Como na aviação não existe nada fácil - para tudo se exige custo, tempo e disponibilidade - para o meu primeiro vôo solo não foi diferente, talvez por isso - com tantos revés - tenha sido único, o mais especial de todos os vôos solos já praticados por cada piloto já formado.
Por 6 meses busquei, acreditei e sonhei nesse dia.
Deus, o Homem dos homens é muito generoso.
Infelizmente não tive o prazer de fazer o vôo solo na minha cidade - por motivos sábios para qualquer um que visite o Aeroclube do Ceará. Mas Deus me deu um presente ainda melhor, me deu a oportunidade de fazer o meu primeiro vôo solo na maior e melhor Escola de Aviação da América Latina: EJ.
Todos na Escola são prestativos, organizados, motivados, engajados, enstusiastas, verdadeiros fãs da aviação e são movidos por paixão. Talvez, motivos como esse - tão relevantes - tenham se evidenciado na identificação una que eu tenha tido por cada pessoa nessa Escola.
Agora, caros leitores, convido vocês a saber como se deu o meu vôo - o melhor vôo para qualquer Ser dos ares.
A ansiedade tomava conta de mim desde ontem - sábado (02) - a ficha ainda não havia caído que depois de meses ali estaria eu no comando daquela aeronave, solo.
Meu vôo, hoje, estava marcado para as 07:00 a.m., isso evidenciaria que às 06:00 eu já deveria estar lá - o briefing do vôo é feito 1 hora antes. Mal começo? Nada, eu não falei que o Homem é generoso? Tive que acordar às 05:30 devio a um motivo óbvio: estou na cidade, numa casa que requer cerca de 20 minutos numa caminhada ascendente até a Escola. O que isso quer dizer? Que a temperatura, que durante a semana chegou aos seus 4° C, não foi percebida, razão suficiente para chegar lá ainda mais concentrado.
Meu instrutor do Solo, Marcello Curioni Coleti - facilmente digno de um post exclusivo - ainda não havia chegado. Sem problema algum, afinal, trata-se de um aviador-nato, nasceu com a vocação dos céus e com o dom de ensinar, sorte a minha.
Como eu iria fazer só procedimento de Toques e Arremetida (TGL), ele pediu para que aguardasse um pouco, para que todas as aeronaves que também decolariam naquele mesmo horário pudessem livrar o circuito de tráfego. Sem problema algum, aliás, uma ansiedadezinha um pouco maior - muito embora controlada e dentro de sua normalidade - teve isso como um motivo relevante para se tornar mais evidente.
Ok, 07:15, briefing feito, aeronave checada, motor acionado, inciou-se o táxi até o ponto de espera da cabeceira 19.
Aos 400 pés, After Take Off Check List realizado, aos 500 pés ingressei na Perna de Través na velocidade cravada dos 70 nós, quando ingressei na Perna do Vento, os 2.740 pés já estavam alinhados em um vôo reto e horizontal com a potência alinhada, no través da cabeceira em uso - Mistura Rica / Potência: 1800 RPM / Landing Lights: On / Velocímetro no Arco Branco: Flap 10 - cravei os 70 nós mais uma vez, mantive o enquadramento do circuito a todo momento, derivando um pouco o avião devido ao vento de cauda de través naquele instante, área checada, ingressei na Perna Base, com a velocidade sem sofrer oscilações, quando vi o enquadramento perfeito da cabeceira da pista 01 à minha esquerda. Final livre, pista livre e final oposta livre, ingressei na final, mative o eixo da rampa derivando um pouco com o vento - que nesta posição me pegava de proa - cravei os 70 nós. O pouso foi macio, - 'lambido e amanteigado', como chamam - ótimo. Mantive o eixo, Flaps: UP, e quando drenei a velocidade para 40 nós, arremeti.
Após alguns elogios do Coleti, já estava com mais confiança, e ela se tornou evidente no toque seguinte, mais uma vez 'lambido e amanteigado'.
Após o terceiro, Coleti me pediu para que eu fizesse um pouso completo, saísse da pista e ingressasse denovo, pois ele queria ver como eu me comportaria numa decolagem curta: o que me deixou um pouco nervoso, uma manobra que eu ainda tinha realizado.
Quando taxiava em frente ao pátio de operações, com uma certa dúvida a respeito do vôo naquele momento, ele me pediu para que eu parasse naquele momento a aeronave e falou:
"Na verdade eu pedi para que saíssemos da pista para que eu pudesse descer do avião. Decolagem curta nada. Vai sozinho. Faz o que você sabe. Faz essa decolagem e esse pouso solo. Você merece, você está apto, você conseguiu, parabéns!"
O coração, disparou, de uma forma que eu só havia me visto igual, no dia em que havia passado na banca teórica da ANAC, as mãos tremiam, mas o psicológico de que eu realmente estava apto e confiante pro vôo solo era evidente. Sabia tudo, tudo e mais um pouco que tinha que fazer naquele momento.
No ponto de espera, Coleti disparou na fonia: "Boa Sorte, Régis!". Nossa, alegria instantânea.
Durante a decolagem, vi Coleti em frente ao pátio de Operações - como um mínimo pontinho preto - acompanhando todo o meu vôo, Perna de Través, Perna do Vento, Perna Base, Final e Pouso: perfeitos.
Quando saí do avião, Coleti me esperava e me parabenizava, eu não sabia se eu agradecia ou se eu fazia o cheque de abandono do avião, fiquei sem reação, mas me restava mais uma outra coisa: o banho de água gelada, como batizado.
E assim decorreu o vôo mais inesquecível da memória de qualquer aviador: o meu vôo solo.
Minto, solo não, eu estive a todo instante muito bem acompanhado - pássaros voando longe, vegetação verdinha, a margem do rio refletindo a luz do sol e um céu azul-anil me chamando para ser seu mais cúmplice e novo amigo.
O que me resta?
Agradecer, agradecer e agradecer..
Aí sim em :)
ResponderExcluirMeus parabéns comando!
Agora é correr atrás do voo de check daqui algumas horas hehe :)
Abraços
Sales
Meus parabéns, comandante!
ResponderExcluirMuito sucesso mais do que merecido.
Abraços
Paulo
Parabéns, Régis.
ResponderExcluirA busca de um sonho encoraja o homem à realização dos seus maiores desafios. Continue acreditando, assim como diz o poeta - "Quem acredita sempre alcança..." Não posso deixar também de elogiar o texto:Uma robustez digna de um contumaz escritor!
Abração,